Nossa reunião dos oblatos do Mosteiro de São João deste mês de Abril, dia 17, foi iniciada por Ir. Maria de Fátima que nos propôs uma breve reflexão sobre os salmos 3 e 94, que são recitados no ofício divino e que foi pedido que lêssemos os mesmos na reunião do mês passado para que pudéssemos falar sobre eles nesta oportunidade. Iniciemos então pelo Salmo 3, tradução da Bíblia Ave-Maria:
1.Salmo de Davi, quando fugia de Absalão, seu filho.
2.Senhor, como são numerosos os meus perseguidores!
É uma turba que se dirige contra mim.
3.Uma multidão inteira grita a meu respeito:
Não, não há mais salvação para ele em seu Deus!
4.Mas vós sois, Senhor, para mim um escudo;
vós sois minha glória, vós me levantais a cabeça.
5.Apenas elevei a voz para o Senhor,
ele me responde de sua montanha santa.
6.Eu, que me tinha deitado e adormecido,
levanto-me, porque o Senhor me sustenta.
7.Nada temo diante desta multidão de povo,
que de todos os lados se dirige contra mim.
8.Levantai-vos, Senhor!
Salvai-me, ó meu Deus!
Feris no rosto todos os que me perseguem,
quebrais os dentes dos pecadores.
9.Sim, Senhor, a salvação vem de vós.
Desça a vossa bênção sobre vosso povo.
Ao olharmos mais atentamente para as palavras do salmista vemos alguém que está cercado de inimigos que zombam dele e percebem que nem junto de Deus ele pode salvar-se. Podemos dizer que assim também, por vezes se comporta a nossa vida: nos vemos tão mergulhados em problemas, ciladas e dificuldades que imaginamos que Deus está longe de nós, que nem Ele pode nos socorrer. São os obstáculos da vida, são nossas angústias e aflições quando parece que nem Deus está conosco. (vs. 1-3). Nos versículos 4 e 5 lemos que o auxílio de Deus vem em nosso socorro; é nosso escudo e força protetoras de forma que os problemas e as dificuldades que rondavam até mesmo nosso sono, não é capaz de invadi-lo mais. Reforço mais uma vez aqui que este salmo na primeira parte retrata nossa vida cheia de dificuldades e desafios; na segunda parte deparamo-nos com o auxílio de Deus.
Observemos agora o Salmo 94, tradução da Bíblia Ave-Maria:
1.Vinde, manifestemos nossa alegria ao Senhor,
aclamemos o Rochedo de nossa salvação;
2.apresentemo-nos diante dele com louvores,
e cantemos-lhe alegres cânticos,
3.porque o Senhor é um Deus imenso,
um rei que ultrapassa todos os deuses;
4.nas suas mãos estão as profundezas da terra,
e os cumes das montanhas lhe pertencem.
5.Dele é o mar, ele o criou;
assim como a terra firme, obra de suas mãos.
6.Vinde, inclinemo-nos em adoração,
de joelhos diante do Senhor que nos criou.
7.Ele é nosso Deus;
nós somos o povo de que ele é o pastor,
as ovelhas que as suas mãos conduzem.
Oxalá ouvísseis hoje a sua voz:
8.Não vos torneis endurecidos como em Meribá,
como no dia de Massá no deserto,
9.onde vossos pais me provocaram e me tentaram,
apesar de terem visto as minhas obras.
10.Durante quarenta anos desgostou-me aquela geração,
e eu disse: É um povo de coração desviado,
que não conhece os meus desígnios.
11.Por isso, jurei na minha cólera:
Não hão de entrar no lugar do meu repouso.
Em diversos momentos de nossa existência não é a nossa boca que deseja proferir palavras para Deus, não é ela quem fala, mas sim, a voz interior de nosso coração é quem grita a Deus. Essa é uma das razões pelas quais o Salmo 94 inicia às vigílias. Nele temos o louvor, a ação de graças e a profecia. Salmo “invitatório”, de convite a louvar o criador de todas as coisas. Nos versículos 4 e 5, se observamos atentamente, notamos que através das palavras do salmista temos formada mentalmente uma cruz: “nas suas mãos estão as profundezas da terra,
e os cumes das montanhas lhe pertencem”. (haste vertical: quando menciona as alturas do céu e as profundezas dos abismos.); “Dele é o mar, ele o criou; assim como a terra firme, obra de suas mãos”. (haste horizontal: a terra e o mar em seus extremos).
Nossa adoração deve ser ao nosso Deus e Senhor, pastor eterno que cuida de nós que somos seu povo e seu rebanho, ovelhas que conduz com sua mão. (vs 6-7). É muito importante também em toda a nossa vida, não nos fecharmos aos apelos de Deus dirigidos a nós, sermos duros e insensíveis quando ouvimos sua voz. (vs. 8-9). Somos a todo o instante convidados à alegria, ação de graças, festa e júbilo. Eis o porquê da escolha por Nosso Pai São Bento do Salmo 94, para que assim, ao iniciarmos cada dia nos coloquemos sob a proteção de Deus e confiemos N’Ele em todas as situações.
No segundo momento de nosso encontro, Ir. Fátima deu continuidade à reflexão sobre o código litúrgico, tema este, iniciado no encontro passado. Em breves palavras recordou-nos os dizeres dos capítulos 8 e 9. Iniciemos agora, a reflexão sobre o Capítulo 10 e seguintes da RB:
[1] De Páscoa até primeiro de novembro, mantenha-se, quanto à salmodia, a mesma medida acima determinada; [2] as lições do livro, porém, por causa da brevidade das noites, não são lidas; em lugar dessas três lições, seja recitada de memória uma do Antigo Testamento, seguida de responsório breve, [3] e cumpram-se todas as outras coisas como ficou dito acima, isto é: que nunca se digam nas Vigílias noturnas, menos de doze salmos além do terceiro e do nonagésimo quarto.
Este capítulo inicia-se novamente mencionando a Páscoa de Nosso Senhor. Até aqui podemos notar que ao longo dos capítulos 8 até o capítulo 13 iremos tratar dos ofícios da noite (vigílias e laudes principalmente). Notadamente observamos a humanidade de São Bento e sua preocupação com a saúde física de seus monges: como as noites eram breves as leituras (e nunca os salmos) eram suprimidas, pois os monges eram obrigados a trabalhar muito durante o forte calor do dia e tinham como dever de ofício, levantar durante a noite para as orações comunitárias. Ainda é reforçado neste mesmo capítulo que não sejam ditos nestes momentos menos de 12 salmos completos além do salmo 3 e 94 já discutidos anteriormente. E poderíamos pensar: “Porque os monges rezavam 12 salmos, nem mais, nem menos, mas 12 salmos?”. A explicação para isto vem de tradição dos monges antigos do deserto e de uma pequena ‘lenda’ ou ‘mito’ transmitido ao longo dos séculos de geração em geração de monges e que foi assim intitulada de “a regra do anjo”. Os monges quando estavam no deserto faziam o seu próprio ritmo de vida, buscavam uma ascese séria e cheia de penitências para assim, vencerem seus “demônios” interiores. Outros monges trabalhavam duro na lavoura. As regras da vida monástica eram as mesmas para os jovens vindo quer da nobreza ou do campo e que se uniam em torno da vida cenobítica. Todos eram (e deveriam) ser tratados da mesma maneira sem distinção, claro, respeitando-se as limitações de cada irmão. Conta a lenda que certa vez, numa dessas discussões entre os monges de quantos salmos deveriam ser recitados ao longo de determinado período, surgiu do meio deles um jovem rapaz que recitou 12 salmos e inexplicavelmente, após isto, sumiu da vista de todos. Os monges ali ficaram convencidos de que era um anjo enviado por Deus para dizer quantos salmos deveriam ser recitados (doze) e acabar de uma vez por todas com a discussão acerca deste assunto. Chamada de “regra do anjo”, certamente foi incorporada por São Bento em sua regra e código litúrgicos por tratar-se de uma ‘lenda’ conhecida pelo Santo Legislador e vista por ele como digna de verdade.
Aqui, assim como em tantas outras partes da Santa Regra notamos que São Bento é misericordioso com seus discípulos assim como Nosso Senhor. Ao pensar no peso do calor do dia, na brevidade da noite para o descanso físico ele quer ‘poupar’ seus discípulos para que não esmoreçam ao peso de seus fardos. Ao mesmo tempo São Bento é prático e objetivo. Vai direto ao assunto. Ao dividir os salmos para cada uma das horas do dia não faz rodeios, simplesmente diz quais salmos serão ditos e pronto. Equilibra as leituras, divide os salmos, tudo para que haja harmonia. Continuemos agora falando um pouco sobre o Capítulo 11 da RB:
[1] Aos domingos, levante-se mais cedo para as Vigílias, [2] nas quais se mantenha a mesma medida já referida, isto é: modulados, conforme dispusemos acima, seis salmos e o versículo, e estando todos convenientemente e pela ordem assentados nos bancos, leiam-se no livro, como já mencionamos, quatro lições com seus responsórios; [3] só o quarto responsório é dito por quem está cantando o "Gloria", ao começo do qual se levantem todos com reverência. [4] A essas lições sigam-se, por ordem, outros seis salmos com antífonas, como os anteriores, e o versículo. [5] Terminados esses, voltam-se a ler outras quatro lições com seus responsórios, na mesma ordem que acima. [6] Em seguida, digam-se três cânticos dos Profetas que o Abade determinar, os quais sejam salmodiados com "Aleluia". [7] Dito também o versículo, sejam lidas com a bênção do Abade outras quatro lições do Novo Testamento, na mesma ordem que acima.[8] Depois do quarto responsório o abade entoa o hino "Te Deum laudamus". [9] Uma vez terminado, leia o Abade o Evangelho, permanecendo todos de pé com reverência e temor. [10]Quando essa leitura terminar, respondam todos: "Amém"; e o abade prossegue logo com o hino "Te decet laus", e, dada a bênção, comecem as Matinas. [11] Essa disposição das Vigílias para o domingo deve ser mantida, como está, em todo tempo, tanto no verão quanto no inverno, [12] a não ser que, por acaso, e que tal não aconteça, os monges se levantem mais tarde e se tenha de abreviar algo das lições ou dos responsórios. [13] Haja, porém, todo o cuidado para que isso não venha a suceder; se, porém, acontecer, satisfaça dignamente a Deus no oratório, aquele por cuja culpa veio esse fato a verificar-se.
No capítulo 11, São Bento irá tratar do ofício dominical, a Páscoa semanal da comunidade monástica. Tudo gira então em torno do Cristo Vivo e Ressuscitado. O número dos salmos é aumentado, tudo será realizado de forma mais solene sem encurtar nada. O interessante é notar que, apesar de ser domingo, dia de “descanso”, os monges deverão levantar-se mais cedo que de costume para iniciar o dia; o domingo “Dia do Senhor” é muito importante. É o dia mais importante de todos. Nota-se isto pelos hinos que serão recitados em primeiro lugar. Aqui é importante dizer que, antigamente, nas Vigílias de Domingo o único Evangelho lido e proclamado era o da ressurreição de Nosso Senhor. Depois, com o passar do tempo é que se tomou por costume ler nestas ocasiões, ao invés do Evangelho da Ressurreição, aquele que será dito durante a celebração da missa dominical. Notamos neste capítulo que, durante os dias da semana entre as vigílias e as laudes há um intervalo. No domingo isso não ocorre. Vigilias e Laudes são recitadas juntas, isto porque o domingo é “para o Senhor e tão somente para Ele!”. E é tão importante que realizemos o ofício divino com zelo e cuidado que todo o relaxamento e descuido devem ser banidos. Nos versículos 11 e seguintes notamos toda a seriedade e disciplinas que devem ser observadas nos ofícios, em especial o do domingo, pois ele (o domingo) existe para o louvor a Deus e tão somente a Ele. Todas as outras coisas se tornam secundárias se olhadas por este prisma de reflexão.
Neste ponto, Ir. Fátima explicou a todos o porquê da satisfação que é dada no coro do mosteiro pelas monjas quando ocorre algum tipo de falha durante o recitar do ofício divino. Salientou também que não se trata de uma penitência ou castigo por ter errado, mas sim, um gesto de humildade diante de Deus e da comunidade monástica para que pequenas falhas que podem ser evitadas durante a oração do ofício divino, como atrasos e erros na melodia dos salmos por exemplo, realmente o sejam.
[1] Nas Matinas de domingo, [2] diga-se em primeiro lugar o salmo sexagésimo sexto, sem antífona, em tom direto. Diga-se, depois, o quinquagésimo, com "Aleluia". [3] Em seguida, o centésimo décimo sétimo e o sexagésimo segundo; [4] seguem-se então os "Benedicite", e os "Laudate", uma lição do Apocalipse de cor, o responsório, o ambrosiano, o versículo, o cântico do Evangelho, a litania, e está terminado.
Chama a atenção neste capítulo a escolha dos salmos, a saber: salmo 66, convite ao louvor e ação de graças a Deus pelos inúmeros benefícios e bênçãos sobre nós derramado; salmo 50, penitencial, porém, profundamente pascal pois demonstra o pecador arrependido que clama o perdão de Deus e se propõe a uma nova vida; salmo 117, novamente ação de graças a Deus; o salmo 66 demonstra a nossa sede do Deus vivo, pelo qual vivemos e existimos. O cântico “Benedicite” é a recordação do louvor à Deus dado por Daniel e seus companheiros na fornalha ardente (Dn 3, 52-90):
52.Sede bendito, Senhor Deus de nossos pais, digno de louvor e de eterna glória! Que seja bendito o vosso santo nome glorioso, digno do mais alto louvor e de eterna exaltação!
53.Sede bendito no templo de vossa glória santa, digno do mais alto louvor e de eterna glória!
54.Sede bendito por penetrardes com o olhar os abismos, e por estardes sentado sobre os querubins, digno do mais alto louvor e de eterna exaltação!
55 Sede bendito sobre vosso régio trono, digno do mais alto louvor e de eterna exaltação!
56.Sede bendito no firmamento dos céus, digno do mais alto louvor e de eterna glória!
57.Obras do Senhor, bendizei todas o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
58.Céus, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
59.Anjos do Senhor, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
60.Águas e tudo o que está sobre os céus, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
61.Todos os poderes do Senhor, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
62.Sol e lua, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
63.Estrelas dos céus, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
64.Chuvas e orvalhos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
65.Ó vós, todos os ventos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
66.Fogo e calor, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
67.Frio e geada, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
68.Orvalhos e gelos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
69.Frios e aragens, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
70.Gelos e neves, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
71.Noites e dias, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
72.Luz e trevas, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
73.Raios e nuvens, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
74.Que a terra bendiga o Senhor, e o louve e o exalte eternamente!
75.Montes e colinas, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
76.Tudo o que germina na terra, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
77.Mares e rios, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
78.Fontes, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
79.Monstros e animais que vivem nas águas, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
80.Pássaros todos do céu, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
81.Animais e rebanhos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
82.E vós, homens, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
83.Que Israel bendiga o Senhor, e o louve e o exalte eternamente!
84.Sacerdotes, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
85.Vós que estais a serviço do templo, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
86.Espíritos e almas dos justos, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
87.Santos e humildes de coração, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente!
88.Ananias, Azarias e Misael, bendizei o Senhor, louvai-o e exaltai-o eternamente, porque ele nos livrou da permanência nas trevas, salvou-nos da mão da morte; tirou-nos da fornalha ardente, e arrancou-nos do meio das chamas.
89.Glorificai o Senhor porque ele é bom, porque eterna é a sua misericórdia.
90.Homens piedosos, bendizei o Senhor, Deus dos deuses, louvai-o, glorificai-o, porque é eterna a sua misericórdia! (Fonte: Bíblia Ave-Maria)
Os ambrosianos, são os hinos de cada hora canônica; antigamente os salmos eram recitados antes dos hinos de cada hora. Hoje esta ordem é inversa. Eles tem o nome de “ambrosiano” pois recordam Santo Ambrósio que compôs grande número deles para o ofício divino; nos cânticos evangélicos temos o “Benedictus” que é o cântico de Zacarias ao reconhecer a grandiosidade do poder de Deus, recitado nas laudes; em vésperas temos o cântico do “Magnificat” da Virgem Maria exaltando as maravilhas e os prodígios de Deus nosso Senhor. A litania seria a ladainha, a invocação do Kirie Eleison, Christie Eleison clamando a misericórdia e o perdão de Deus que é derramado sobre nós. Vamos seguir adiante falando um pouco sobre o Capítulo 13:
(Comunidade Monástica de Pouso Alegre-MG) [1] Nos dias comuns, porém, a solenidade das Matinas seja assim realizada, [2] a saber: recita-se o salmo sexagésimo sexto sem antífona, um tanto lentamente, como no domingo, de modo que todos cheguem para o quinquagésimo, o qual deve ser recitado com antífona. [3] Depois desse, recitem-se outros dois salmos, segundo o costume, isto é, [4] segunda-feira, o quinto e o trigésimo quinto; [5] terça-feira, o quadragésimo segundo e o quinquagésimo sexto; [6] quarta-feira, o sexagésimo terceiro e o sexagésimo quarto; [7] quinta-feira, o octogésimo sétimo e o octogésimo nono; [8] sexta-feira, o septuagésimo quinto e o nonagésimo primeiro; [9]sábado, o centésimo quadragésimo segundo e o cântico do Deuteronômio, que deve ser dividido em dois "Gloria". [10]Nos outros dias, diga-se um cântico dos Profetas, um para cada dia, como canta a Igreja Romana. [11] A esses seguem-se os "Laudate", depois uma lição do Apóstolo recitada de memória, o responsório, o ambrosiano, o versículo, o cântico do Evangelho, a litania, e está completo. |
[12] Não termine, de forma alguma, o ofício da manhã ou da tarde sem que o superior diga, em último lugar, por inteiro e de modo que todos ouçam, a oração dominical, por causa dos espinhos de escândalos que costumam surgir, [13] de maneira que, interpelados os irmãos pela promessa da própria oração que estão rezando: "perdoai-nos assim como nós perdoamos", se preservem de tais vícios. [14] Nos demais ofícios diga-se a última parte dessa oração, de modo a ser respondido por todos: "Mas livrai-nos do mal".
Ao encerrarmos nossa reflexão deste mês, detenhamo-nos neste capítulo com características particulares. Aqui notamos que São Bento escreve, pedindo que o salmo 66 seja dito um tanto quanto lentamente até o salmo 50 para que toda a comunidade monástica possa chegar a tempo para o louvor divino. Destaca-se aqui a humanidade e a piedade do Santo Legislador para com os seus co-irmãos de modo que todo atraso e imprevisto para o ofício divino não sejam desculpas para que o mesmo não seja bem realizado por todos. A partir daí, São Bento escala 2 salmos para cada dia da semana mais um cântico dos profetas sempre unido à Santa Igreja de Roma. Chama-nos a atenção o versículo 13, no qual São Bento alerta a todos sobre a caridade fraterna, o mútuo perdão e a paz na comunidade monástica que não deve ser foco de escândalos por parte de nenhum de seus membros. Ressalta que, apesar de todos virmos de lugares e de famílias diferentes, com educação e formação distintas, devemos permanecer na paz, sem rancor ódio ou ressentimento. Muito pelo contrário; a comunidade monástica de São Bento deverá viver norteada pelo perdão e pela caridade fraternas. Ele lembra que devemos pensar sempre na promessa da oração que recitamos, o Pai-Nosso. O ato de respondermos todos juntos “Mas livrai-nos do mal”, leva-nos muito mais além do q1ue pensamos. Reflete o perdão e a reconciliação mútuas. Ao passo que presto atenção nas palavras que falo, condiciono a minha mente para que ele ore juntamente com todo o meu ser. Assim, palavras, mente e coração juntos na oração farão com quê eu tenha condições de não simplesmente ‘balbuciar’ a Palavra de Deus, mas vivê-la de forma concreta em minha vida.
[1] Nas festas dos Santos e em todas as solenidades, proceda-se do mesmo modo que indicamos para o domingo [2]exceto que, quanto aos salmos, antífonas e lições, sejam ditos os que pertencem à própria festa; mantenha-se, porém, a mesma disposição acima descrita.
O capítulo 14 não trará grandes novidades ao código litúrgico, só reforçará que nas vigílias dos natalícios dos santos, a comunidade monástica proceda com o mesmo fervor, fé e disciplina no ofício divino assim como é realizado nos domingos, ou seja, na páscoa semanal do mosteiro.
Ir. Fátima destacou que, no momento oportuno poderemos também fazer um pequeno estudo e reflexão sobre o calendário litúrgico de cada ano, com suas memórias, festas e solenidades.
Até nosso próximo encontro, se Deus assim nos permitir, onde se realizará o retiro anual dos oblatos do Mosteiro de São João nos dias 14 e 15 de maio, p.f.
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