terça-feira, 2 de novembro de 2010

Dies Irae

Benedicite!



Clique no link abaixo para ouvir este belo hino do século XIII, que trata justamente do julgamento que a humanidade há de sofrer, num primeiro momento individualmente (na hora da morte) e depois todos os viventes na volta do Cristo (parusia). Acredita-se ter sido escrito por Tomás de Celano. Sua inspiração parece vir da Vulgata, tradução de Sofonias 1:15–16. Originalmente era a sequência da Missa de Defuntos, porém depois da Reforma Conciliar, a Igreja propõe-o para a celebração do Ofício Divino (forma Romana) precisamente na Última Semana do Tempo Comum, em que refletimos acerca da Escatologia Final. Serve como uma bela reflexão para o dia de Finados. Aliás, atendamos o que NP São Bento nos pede na Santa Regra, para que reflitamos acerca da morte todos os dias.


http://www.youtube.com/watch?v=Dlr90NLDp-0


Segue a letra, em latim, e logo abaixo a tradução. Para os que lêem a notação neumática e gostam de gregoriano, segue a partitura.




Dies Irae


1


Dies iræ! dies illa

Solvet sæclum in favilla

Teste David cum Sibylla!



2

Quantus tremor est futurus,

quando judex est venturus,

cuncta stricte discussurus!



3

Tuba mirum spargens sonum

per sepulchra regionum,

coget omnes ante thronum.



4

Mors stupebit et natura,

cum resurget creatura,

judicanti responsura.



5

Liber scriptus proferetur,

in quo totum continetur,

unde mundus judicetur.



6

Judex ergo cum sedebit,

quidquid latet apparebit:

nil inultum remanebit.



7

Quid sum miser tunc dicturus?

Quem patronum rogaturus,

cum vix justus sit securus?



8

Rex tremendæ majestatis,

qui salvandos salvas gratis,

salva me, fons pietatis.



9

Recordare, Jesu pie,

quod sum causa tuæ viæ:

ne me perdas illa die.



10

Quærens me, sedisti lassus:

redemisti Crucem passus:

tantus labor non sit cassus.



11

Juste judex ultionis,

donum fac remissionis

ante diem rationis.



12

Ingemisco, tamquam reus:

culpa rubet vultus meus:

supplicanti parce, Deus.



13

Qui Mariam absolvisti,

et latronem exaudisti,

mihi quoque spem dedisti.



14

Preces meæ non sunt dignæ:

sed tu bonus fac benigne,

ne perenni cremer igne.



15

Inter oves locum præsta,

et ab hædis me sequestra,

statuens in parte dextra.



16

Confutatis maledictis,

flammis acribus addictis:

voca me cum benedictis.



17

Oro supplex et acclinis,

cor contritum quasi cinis:

gere curam mei finis.



18


Lacrimosa dies illa,

qua resurget ex favilla

judicandus homo reus.



19

Huic ergo parce, Deus:

Pie Jesu Domine,

dona eis requiem. Amen.

 

 
Tradução:


1

Dia da Ira, aquele dia

Em que os séculos se desfarão em cinzas,

Testemunham David e Sibila!



2

Quanto terror é futuro,

quando o Juiz vier,

para julgar a todos irrestritamente !



3

A tuba esparge o poderoso som

pela região dos sepulcros,

convocando todos ante o Trono.



4

A morte e a natureza se aterrorizam

ao ressurgir a criatura

para responder ao Juiz.



5

o Livro escrito aparecerá

em que tudo há

em que o mundo será julgado.



6

Quando o Juiz se assentar

o oculto se revelará,

nada haverá sem castigo !



7

Que direi eu, pobre miserável?

A que Paráclito rogarei,

quando só os justos estão seguros ?



8

Rei, tremenda Majestade,

que ao salvar, salva pela Graça,

salva-me, fonte Piedosa.



9

Recordai-vos, piedoso Jesus,

de que sou a causa de Vossa Via;

não me percais nesse dia.



10

Resgatando-me, sentistes lassidão,

me redimistes sofrendo a Cruz;

Que tanto trabalho não tenha sido em vão.



11

Juiz Justo da Vingança Divina,

Dai-me a remissão dos meus pecados,

antes do dia Final.



12

Clamo, como condenado,

a culpa enrubesce meu semblante

suplico a Vós, ó Deus



13

Ao que perdoou a Madalena,

e ouviu à súplica do ladrão,

Dai-me também esperança.



14

Minha oração é indigna,

mas, pela Vossa Bondade atuais,

Não me deixeis perecer cremado no Fogo Eterno.



15

Colocai-me com as ovelhas

Separai-me dos cabritos,

Ponde-me à Vossa direita;



16

Condenai os malditos,

lançai-os nas flamas famintas,

Chamai-me aos benditos.



17

Oro-Vos, rogo-Vos de joelhos,

com o coração contrito em cinzas,

cuidai do meu fim.



18

Lacrimoso aquele dia

no qual, das cinzas, ressurgirá,

para ser julgado, o homem réu.



19

Perdoai-os, Senhor Deus

Piedoso Senhor Jesus,

Dai-lhes descanso eterno, Amém!

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