segunda-feira, 24 de janeiro de 2011

Cresce nossa família monástica



Veja mais fotos da oblação em



De 10 a 14 de novembro de 2010, um grupo de 19 leigos e leigas, Oblatos Beneditinos, da Diocese de Caratinga, pertencentes ao Mosteiro São João, em Campos do Jordão, estiveram participando de um retiro espiritual, no referido mosteiro.
O retiro foi orientado pelas monjas beneditinas. Houve reflexões sobre os temas: A liturgia das horas; características essenciais da vida monástica; ícones; ora et labora; são Cassiano e a oração; Lectio Divina; o trabalho.
Durante o encontro ocorreram as cerimônias de entrada para o postulantado, para o noviciado e a oblação.
Estas cerimônias foram presididas por Dom Abade Mathias Tolentino Braga, OSB, do Mosteiro de São Bento de São Paulo, acompanhada por Madre Myriam de Castro, OSB, Abadessa do Mosteiro de Campos do Jordão.

Iniciaram o postulantado:

- Helena Soares (Santo Antônio do Manhuaçu)
- Imirany Franco (Caratinga)
- Jupira Novaes (Caratinga)
- Solange (Santo Antônio do Manhuaçu)
- Valmira Firmino (Santo Antônio do Manhuaçu)

Iniciaram o noviciado e receberam nome novo:

- Gersi Ventura (Irmão Serafim)
- Maria das Graças Sá (Irmã Graça Maria)
- Maria Luísa Capella (Irmã Maria do Perpétuo Socorro)

Fizeram sua oblação:

- Ângela Soares Genelhu Andrade (Irmã Maria das Graças)
- Maria do Rosário Damasceno (Irmã Maria de Fátima)
- Rejane Maria da Silva (Irmã Myriam)


Atualmente o grupo de oblatos de Caratinga conta com 11 pessoas que já fizeram oblação, 3 noviços, 5 postulantes (sendo 3 de Santo Antônio do Manhuaçu).
Após o retiro, o grupo participou de um almoço de confraternização, juntamente com as monjas de Campos do Jordão e os monges do Mosteiro de São Paulo.



domingo, 23 de janeiro de 2011

De Roma, Ir. Maria de Fátima






CURSO DE REGRA DE SÃO BENTO NA TERRA DE SÃO BENTO
(Crônica de Ir. Maria de Fátima Guimarães, OSB, Diretora dos Oblatos Seculares da Abadia de São João Batista, que está em curso na Cidade Eterna)


No dia 27 de dezembro embarcamos no avião da TAP que partiu às 18h15. Foi uma viagem tranqüila. Chegamos a Lisboa no dia 28 e esperamos duas horas pela conexão. Em Roma chegamos a tempo de almoçarmos junto com as irmãs. Já tinha chegado Ir. Maria Luisa de Itapecerica da Serra e duas angolanas (Beneditinas de Tutzing).

No dia 29, junto com Ir. Maria Luísa, do Mosteiro Nossa Senhora da Paz, fomos até o Vaticano. Conhecemos a Basílica de São Pedro, pudemos rezar nos túmulos de João XXIII e João Paulo II. Infelizmente devido ao grande numero de turistas não dava para ficar muito tempo em oração. Mas nos lembramos de todas, principalmente daquelas que nos pediram orações especiais junto a eles. Também visitamos o museu do tesouro de São Pedro, onde estão muitos objetos antigos pertencentes ao Vaticano e de grande valor não só histórico, mas a maioria é de ouro. E muitas relíquias de santos. São objetos de valor inestimável. Neste dia Ir. Paula comprou vários ícones para o ateliê de Madre Dolores. No caminho de volta, quando descemos do trem na Estação Aurélia, tomamos o caminho errado. Mas chegamos a tempo do jantar.


 
O CURSO

As aulas tiveram início no dia 03 de janeiro. Temos Laudes às 6h15 e às 7h missa. Nos dias de semana a missa é em português só para o grupo e em dias de solenidades e domingos a missa é na Capela das Irmãs e pode ser em italiano, inglês ou português. Já houve missa em coreano, mas não participamos. Após a missa café e às 8h45 tem início a aula com Ir. Aquinata que termina 11h45, com dois intervalos – um de 5 minutos e outro de 15 minutos. Após o almoço descanso e às 14 horas estudo individual e em grupo até 17 ou 17h30. Às 18 horas Vésperas, jantar e Completas. Vigílias são em particular. Em alguns dias tem recreio. Às segundas feiras tem recreio cultural onde os participantes podem apresentar algo sobre o seu mosteiro. É provável que o façamos no dia 10 de janeiro.

Os ofícios de Laudes e Vésperas em alguns dias são com a comunidade das irmãs e em outros somente com o grupo. Nestes dias existe uma escala para os diversos mosteiros prepararem os ofícios e a liturgia da missa.

Além de rezar e estudar também tem o labora. Há escalas de serviço para o lava-pratos, arrumar refeitório, limpar sala de aula, tocar sino para horário das conferencias, leitura a mesa. Com isso Me Aquinata deseja que mantenhamos autêntica vida monástica.

Nos sábados temos o dia livre e aos domingos dia de recolhimento. Aos sábados pode-se sair para conhecer a cidade.

São 33 participantes sendo 4 monges e 29 monjas. Os monges são 2 de Vinhedo, 1 de Mineiros – MG e 1 da Abadia de N Senhora do Monte Oliveto. Temos 8 beneditinas de Tutzing de diversas regiões do Brasil, Argentina, Angola. Mosteiros femininos que participam do curso: Nossa Senhora do Monte, Visitação, Água Viva, Maria Mãe de Deus (Mineiros – MG), Regina Pacis (Ribeirão Preto), Nossa Senhora das Graças, Santa Escolástica (Portugal), Nossa Senhora da Paz, do Encontro, Nossa Senhora da Paz(trapistas de Angola), do Salvador, Santa Maria, Maria Mãe do Cristo, da Virgem.


 
PASSEIOS

Já visitamos as Basílicas de São Pedro, Santa Maria Maior, São João do Latrão, São Clemente e São Paulo Fora dos Muros, e as igrejas de Santa Plassede, São Martinho ao Monti, São Miguel. Encontramos fechadas as Igrejas de São Pedro di Vincoli e da Escada Santa. Andando chegamos até o Coliseu e caminhamos em torno vendo também as ruínas. Não entramos porque tem que se pagar 12 euros para entrar no Coliseu e pagar de novo para ver as ruínas do Palatino. Visitamos também uma igreja de Santo André no Monte Célio que pertence a padres melquitas e tivemos oportunidade de visitar o quarto onde Madre Teresa de Calcutá dormiu quando esteve em Roma. Ali tem uma relíquia dela que pudemos ver e fotografar. Foi uma graça, pois sabemos que as Missionárias da Caridade não gostam de fotografias em suas casas. Elas têm uma casa bem perto do Coliseu. Também pudemos ver o Castelo de Sant’Angelo que pertenceu a Adriano e hoje é museu nacional. Também não foi possível visitá-lo por dentro.

Participamos da missa celebrada pelo Papa por duas vezes – no dia 1 de janeiro e no dia 6 de janeiro quando se comemora aqui a Epifania. No dia 6 pudemos vê-lo a cerca de um ou dois metros de distancia, pois conseguimos bons lugares dentro da Basílica de S Pedro.

É comum encontrarmos brasileiros – turistas, religiosos ou moradores. Os religiosos até o momento são da Obra dos Santos Anjos, Legionários de Cristo e Apostolas do Coração de Jesus.

Havia uma programação para visitar a cidade de Assis, mas apesar de todos os planos, perdemos o trem. A passagem foi remarcada para o dia 22, e talvez coincida com a jornada mundial pela paz.

Também se vê igrejas onde os padres celebram sozinhos, com a igreja totalmente vazia. E há padres que parecem tão frios durante a celebração.


 
A COMUNIDADE DAS IRMÃS BENEDITINAS DE TUTZING

A comunidade é composta de irmãs brasileiras, coreanas, filipinas, alemãs, angolanas e da Namibia. Não há italianas.

Elas procuram viver uma autêntica vida monástica. São disciplinadas, organizadas, sóbrias. Mantém silêncio nos lugares regulares e falam sempre em voz baixa. São acolhedoras e tratam a todos com muito respeito e acolhimento. Seu ofício é muito bem preparado e orante. Rezam em italiano e gregoriano. Algumas vezes tem umas peças em inglês que é atualmente, a língua oficial da comunidade.

A alimentação é saudável e bem feita. O vinho e o pão estão presentes em todas as refeições. É o costume do país.

Tanto a cozinha como a limpeza são terceirizados – são firmas que fazem o trabalho. Na cozinha só entram a superiora e a irmã responsável pela cozinha. Ninguém mais tem licença de ali entrar nem fazer nada.

A Casa Santo Espírito é muito grande.A casa tem térreo, subsolo, 1 e 2 andar. Possui duas lavanderias – uma para lavar a roupa da casa e outra para uso das irmãs. Possui duas capelas e mais uma capelinha que chamam de cenáculo. Muitas salas de visita e reunião. Uma sala capitular e uma sala para capítulos gerais que possui equipamento para tradução simultânea. Tem um refeitório para hóspedes muito bem equipado. Tem aquecimento em todos os lugares. O assento de cada banco da capela principal é aquecido. Possuem um elevador. Realmente é uma casa de primeiro mundo.

quinta-feira, 13 de janeiro de 2011

Recado de Ir. Maria de Fátima

A Diretora dos Oblatos da Abadia de, São João Batista, Ir. Maria de Fátima, OSB, comunica-nos que para o ano de 2011 o santo padroiro de nosso grupo de Oblatos é Santa Faustina.


MARIA FAUSTINA KOWALSKA escrevia em 1937 no seu Diário: "A glorificação da Tua misericórdia, ó Jesus, é a missão exclusiva da minha vida". Nasceu em Glogowiec, na Polónia central, no dia 25 de Agosto de 1905, de uma família camponesa de sólida formação cristã. Desde a infância sentiu a aspiração à vida consagrada, mas teve de esperar diversos anos antes de poder seguir a sua vocação. Em todo o caso, desde aquela época começou a percorrer a via da santidade. Mais tarde, recordava: "Desde a minha mais tenra idade desejei tornar-me uma grande santa".

Com a idade de 16 anos deixou a casa paterna e começou a trabalhar como doméstica. Na oração tomou depois a decisão de ingressar num convento. Assim, em 1925, entrou na Congregação das Irmãs da Bem-aventurada Virgem Maria da Misericórdia, que se dedica à educação das jovens e à assistência das mulheres necessitadas de renovação espiritual. Ao concluir o noviciado, emitiu os votos religiosos que foram observados durante toda a sua vida, com prontidão e lealdade. Em diversas casas do Instituto, desempenhou de modo exemplar as funções de cozinheira, jardineira e porteira. Teve uma vida espiritual extraordinariamente rica de generosidade, de amor e de carismas que escondeu na humildade dos empenhos quotidianos.

O Senhor escolheu esta Religiosa para se tornar apóstola da Sua misericórdia, a fim de aproximar mais de Deus os homens, segundo o expresso mandato de Jesus: "Os homens têm necessidade da minha misericórdia".

Em 1934, Irmã Maria Faustina ofereceu-se a Deus pelos pecadores, sobretudo por aqueles que tinham perdido a esperança na misericórdia divina. Nutriu uma fervorosa devoção à Eucaristia e à Mãe do Redentor, e amou intensamente a Igreja participando, no escondimento, na sua missão de salvação. Enriqueceu a sua vida consagrada e o seu apostolado, com o sofrimento do espírito e do coração. Consumada pela tuberculose, morreu santamente em Cracóvia no dia 5 de Outubro de 1938, com a idade de 33 anos.

João Paulo II proclamou-a Beata no dia 18 de Abril de 1993; sucessivamente, a Congregação para as Causas dos Santos examinou com êxito positivo uma cura milagrosa atribuída à intercessão da Beata Maria Faustina, e no dia 20 de Dezembro de 1999 foi promulgado o Decreto sobre esse milagre. Em 30 de abril de 2000, foi canonizada pelo Papa João Paulo II.


HOMILIA DO SERVO DE DEUS JOÃO PAULO II
NA CONCELEBRAÇÃO EUCARÍSTICA DE CANONIZAÇÃO DE SANTA FAUSTINA
(30 de Abril de 2000)


1. "Confitemini Domino quoniam bonus, quoniam in aeternum misericordia eius".
"Louvai o Senhor, porque Ele é bom, porque é eterno o Seu amor" (Sl 118, 1). Assim canta a Igreja na Oitava de Páscoa, como que recolhendo dos lábios de Cristo estas palavras do Salmo, dos lábios de Cristo ressuscitado, que no Cenáculo traz o grande anúncio da misericórdia divina e confia aos apóstolos o seu ministério: "A paz seja convosco! Assim como o Pai Me enviou, também Eu vos envio a vós... Recebei o Espírito Santo. Àqueles a quem perdoardes os pecados, ser-lhes-ão perdoados; àqueles a quem os retiverdes, ser-lhes-ão retidos" (Jo 20, 21-23).
Antes de pronunciar estas palavras, Jesus mostra as mãos e o lado. Isto é, indica as feridas da Paixão, sobretudo a chaga do coração, fonte onde nasce a grande onda de misericórdia que inunda a humanidade. Daquele Coração a Irmã Faustina Kowalska, a Beata a quem de agora em diante chamaremos Santa, verá partir dois fachos de luz que iluminam o mundo: "Os dois raios, explicou-lhe certa vez o próprio Jesus representam o sangue e a água" (Diário, Libreria Editrice Vaticana, pág. 132).

2. Sangue e água! O pensamento corre rumo ao testemunho do evangelista João que, quando um soldado no Calvário atingiu com a lança o lado de Cristo, vê jorrar dali "sangue e água" (cf. Jo 19, 34). E se o sangue evoca o sacrifício da cruz e o dom eucarístico, a água, na simbologia joanina, recorda não só o baptismo, mas também o dom do Espírito Santo (cf. Jo 3, 5; 4, 14; 7, 37-39).
A misericórdia divina atinge os homens através do Coração de Cristo crucificado: "Minha filha, dize que sou o Amor e a Misericórdia em pessoa", pedirá Jesus à Irmã Faustina (Diário, pág. 374). Cristo derrama esta misericórdia sobre a humanidade mediante o envio do Espírito que, na Trindade, é a Pessoa-Amor. E porventura não é a misericórdia o "segundo nome" do amor (cf. Dives in misericordia, 7), cultuado no seu aspecto mais profundo e terno, na sua atitude de cuidar de toda a necessidade, sobretudo na sua imensa capacidade de perdão?
É deveras grande a minha alegria, ao propor hoje à Igreja inteira, como dom de Deus para o nosso tempo, a vida e o testemunho da Irmã Faustina Kowalska. Pela divina Providência a vida desta humilde filha da Polónia esteve completamente ligada à história do século XX, que há pouco deixámos atrás. De facto, foi entre a primeira e a segunda guerra mundial que Cristo lhe confiou a sua mensagem de misericórdia. Aqueles que recordam, que foram testemunhas e participantes nos eventos daqueles anos e nos horríveis sofrimentos que daí derivaram para milhões de homens, bem sabem que a mensagem da misericórdia é necessária.
Jesus disse à Irmã Faustina: "A humanidade não encontrará paz, enquanto não se voltar com confiança para a misericórdia divina" (Diário, pág. 132). Através da obra da religiosa polaca, esta mensagem esteve sempre unida ao século XX, último do segundo milénio e ponte para o terceiro. Não é uma mensagem nova, mas pode-se considerar um dom de especial iluminação, que nos ajuda a reviver de maneira mais intensa o Evangelho da Páscoa, para o oferecer como um raio de luz aos homens e às mulheres do nosso tempo.

3. O que nos trarão os anos que estão diante de nós? Como será o futuro do homem sobre a terra? A nós não é dado sabê-lo. Contudo, é certo que ao lado de novos progressos não faltarão, infelizmente, experiências dolorosas. Mas a luz da misericórdia divina, que o Senhor quis como que entregar de novo ao mundo através do carisma da Irmã Faustina, iluminará o caminho dos homens do terceiro milénio.
Assim como os Apóstolos outrora, é necessário porém que também a humanidade de hoje acolha no cenáculo da história Cristo ressuscitado, que mostra as feridas da sua crucifixão e repete: A paz seja convosco! É preciso que a humanidade se deixe atingir e penetrar pelo Espírito que Cristo ressuscitado lhe dá. É o Espírito que cura as feridas do coração, abate as barreiras que nos separam de Deus e nos dividem entre nós, restitui ao mesmo tempo a alegria do amor do Pai e a da unidade fraterna.

4. É importante, então, que acolhamos inteiramente a mensagem que nos vem da palavra de Deus neste segundo Domingo de Páscoa, que de agora em diante na Igreja inteira tomará o nome de "Domingo da Divina Misericórdia". Nas diversas leituras, a liturgia parece traçar o caminho da misericórdia que, enquanto reconstrói a relação de cada um com Deus, suscita também entre os homens novas relações de solidariedade fraterna. Cristo ensinou-nos que "o homem não só recebe e experimenta a misericórdia de Deus, mas é também chamado a "ter misericórdia" para com os demais. "Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia" (Mt 5, 7)" (Dives in misericordia, 14). Depois, Ele indicou-nos as múltiplas vias da misericórdia, que não só perdoa os pecados, mas vai também ao encontro de todas as necessidades dos homens. Jesus inclinou-se sobre toda a miséria humana, material e espiritual.
A sua mensagem de misericórdia continua a alcançar-nos através do gesto das suas mãos estendidas rumo ao homem que sofre. Foi assim que O viu e testemunhou aos homens de todos os continentes a Irmã Faustina que, escondida no convento de Lagiewniki em Cracóvia, fez da sua existência um cântico à misericórdia: Misericordias Domini in aeternum cantabo.

5. A canonização da Irmã Faustina tem uma eloquência particular: mediante este acto quero hoje transmitir esta mensagem ao novo milénio. Transmito-a a todos os homens para que aprendam a conhecer sempre melhor o verdadeiro rosto de Deus e o genuíno rosto dos irmãos.
Amor a Deus e amor aos irmãos são de facto inseparáveis, como nos recordou a primeira Carta de João: "Nisto conhecemos que amamos os filhos de Deus: quando amamos a Deus e guardamos os Seus mandamentos" (5, 2). O Apóstolo recorda-nos nisto a verdade do amor, indicando-nos na observância dos mandamentos a medida e o critério.
Com efeito, não é fácil amar com um amor profundo, feito de autêntico dom de si. Aprende-se este amor na escola de Deus, no calor da sua caridade. Ao fixarmos o olhar n'Ele, ao sintonizarmo-nos com o seu coração de Pai, tornamo-nos capazes de olhar os irmãos com olhos novos, em atitude de gratuidade e partilha, de generosidade e perdão. Tudo isto é misericórdia!
Na medida em que a humanidade souber aprender o segredo deste olhar misericordioso, manifesta-se como perspectiva realizável o quadro ideal, proposto na primeira leitura: "A multidão dos que haviam abraçado a fé tinha um só coração e uma só alma. Ninguém chamava seu ao que lhe pertencia mas, entre eles, tudo era comum" (Act 4, 32). Aqui a misericórdia do coração tornou-se também estilo de relações, projecto de comunidade, partilha de bens. Aqui floresceram as "obras da misericórdia", espirituais e corporais. Aqui a misericórdia tornou-se um concreto fazer-se "próximo" dos irmãos mais indigentes.

6. A Irmã Faustina Kowalska deixou escrito no seu Diário: "Sinto uma tristeza profunda, quando observo os sofrimentos do próximo. Todas as dores do próximo se repercutem no meu coração; trago no meu coração as suas angústias, de tal modo que me abatem também fisicamente.
Desejaria que todos os sofrimentos caíssem sobre mim, para dar alívio ao próximo" (pág. 365). Eis a que ponto de partilha conduz o amor, quando é medido segundo o amor de Deus!
É neste amor que a humanidade de hoje se deve inspirar, para enfrentar a crise de sentido, os desafios das mais diversas necessidades, sobretudo a exigência de salvaguardar a dignidade de cada pessoa humana. A mensagem de misericórdia divina é assim, implicitamente, também uma mensagem sobre o valor de todo o homem. Toda a pessoa é preciosa aos olhos de Deus; Cristo deu a vida por cada um; o Pai dá o seu Espírito a todos, oferecendo-lhes o acesso à Sua intimidade.

7. Esta mensagem consoladora dirige-se sobretudo a quem, afligido por uma provação particularmente dura ou esmagado pelo peso dos pecados cometidos, perdeu toda a confiança na vida e se sente tentado a ceder ao desespero. Apresenta-se-lhe o rosto suave de Cristo, chegando-lhe aqueles raios que partem do seu Coração e iluminam, aquecem e indicam o caminho, e infundem esperança. Quantas almas já foram consoladas pela invocação "Jesus, confio em Ti", que a Providência sugeriu através da Irmã Faustina! Este simples acto de abandono a Jesus dissipa as nuvens mais densas e faz chegar um raio de luz à vida de cada um.

"Jezu ufam tobie!"

8. Misericordias Domini in aeternum cantabo (Sl 88 [89], 2). À voz de Maria Santíssima, "Mãe da misericórdia", à voz desta nova Santa, que na Jerusalém celeste canta a misericórdia juntamente com todos os amigos de Deus, unamos também nós, Igreja peregrinante, a nossa voz.
E tu, Faustina, dom de Deus ao nosso tempo, dádiva da terra da Polónia à Igreja inteira, obtém-nos a graça de perceber a profundidade da misericórdia divina, ajuda-nos a torná-la experiência viva e a testemunhá-la aos irmãos! A tua mensagem de luz e de esperança se difunda no mundo inteiro, leve à conversão os pecadores, amenize as rivalidades e os ódios, abra os homens e as nações à prática da fraternidade. Hoje, ao fixarmos contigo o olhar no rosto de Cristo ressuscitado, fazemos nossa a tua súplica de confiante abandono e dizemos com firme esperança:

Jesus Cristo, confio em Ti!

"Jezu, ufam tobie!".


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